Conhecendo de perto a JATAÍ

Conhecendo de perto a JATAÍ

Tetragonisca angustula (Latreille, 1811)

É a abelha sem ferrão mais criada e conhecida no Brasil. Não ocorre apenas nos Estados de Sergipe e Rio Grande do Norte (Fonte: ICMBio/Portaria n°665).

Possui corpo amarelo e alongado (aproximadamente 4mm) com olhos verdes. Fazem suas casas em ocos de árvores, muros e demais espaços em meios urbanos e naturais. A entrada do ninho é formada por um canudo de cerume (cera + própolis) que fica ocupado por diversas “guardas” da colônia. 

Ninho formado por uma rainha e cerca de 5.000 operárias, com capacidade de voo máxima de 0,6km.

Seu mel é de cor amarelo claro, possui textura fina e mais líquida, sem grânulos, o sabor é levemente ácido com notas amadeiradas. Conhecido pelo valor medicinal!

A entrada é um tubo de cerume amarelo-creme, sendo fechado parcialmente no período da noite (Figura 1), é possível observar pequenos furos que auxiliam no fluxo de ar. Os favos de cria são construídos em forma de discos horizontais sobrepostos (Figura 2), sendo o invólucro presente. Os potes de mel e pólen são ovóides e pequenos (Figura 3).

Figura 1: Entrada de ninho sadio de Jataí.

 

Figura 2: Discos de cria de Jataí, sendo os do topo cria verde e abaixo crias em maturação.

 

potes de mel e pólen de abelhas nativas sem ferrão

Figura 3: Potes (ovóides) de mel (à esquerda) e pólen.

 

São bem mansas e pequenas, as operárias medem cerca de 0,4 cm e a rainha 1 cm. São abelhas de corpo fino, amareladas e olhos verdes (Figura 4). Quando ameaçadas voam ao redor do invasor e dão mordiscadas bem leves, já que suas mandíbulas são muito pequenas. A organização em relação à defesa do ninho na entrada é diferente nas Jataís, são dois grupos que realizam essa segurança, algumas abelhas ficam pousadas na entrada do ninho e outras ficam voando ao redor da entrada. É possível saber se um ninho está fraco ou forte só de observar a quantidade de abelhas guarda na estrada, quanto mais abelhas mais fortes o ninho. A quantidade de abelhas por ninho varia entre 2 e 5 mil indivíduos.

abelha jataí foco com aproximação

Figura 4: Operária guarda de Jataí.

 

Como extraímos seus subprodutos?

O primeiro ponto que precisamos considerar aqui é que o manejo para retirada de mel, pólen ou própolis de jataí ou qualquer outra espécie de abelha indígena é feito somente em períodos específicos do ano (primavera ou verão no Sudeste, por exemplo). Todo criador de abelha (profissional ou não) deseja manejar seus enxames sem comprometer sua sobrevivência e bem-estar. Por isso, NUNCA retiramos toda a reserva de alimento! Em geral, 1/3 dele é mantido para que o ninho possa se restabelecer e logo voltar a acumular alimento excedente. A meliponicultura, assim como a apicultura, são atividades extrativistas que não comprometem a saúde dos polinizadores. Muito pelo contrário: multiplicamos e cuidamos das diferentes espécies de abelhas existentes.

O mel de jataí tem maior acidez, maior quantidade de água e muitos microrganismos associados. Ela é capaz de produzir até 2 litros por ano, dependendo da área e disponibilidade de alimento. Os métodos de extração de mel dependem do tipo de caixa que a jataí está. De modo geral, podemos extrair o mel por sucção (abrindo os potes de mel e introduzindo um canudo ou sugador mais profissional), por gravidade (corta-se os potes e verte-se a melgueira) ou remoção dos potes seguidos por compressão. Em seguida, filtramos o mel e o armazenamos na geladeira. Depois de retirado o mel, é necessário cuidado redobrado com o enxame, já que ele foi abalado e estar suscetível ao ataque. Não aconselhamos retirada de mel em cabaças e outras caixas mais rústicas, que podem fazer com que os favos sejam danificados durante o processo. Também é proibido remover mel de enxames naturais, que vivem em ocos de árvores! Somente manejamos enxames em caixas.

O pólen de jataí é um superalimento, como já mencionamos. Diferente do mel, os potes de pólen feitos de cerume deverão ser removidos, obrigatoriamente, para a coleta desse alimento. Abrimos os potes com os dedos e removemos o pólen de dentro. Armazenamos em geladeira.

Também conseguimos aproveitar a própolis produzida por essas abelhas. Ela é acumulada entre a tampa e o ninho. Dessa forma, ao abrir a tampa da caixa, conseguimos raspar com uma espátula a própolis acumulada ali. Uma preparação simples é necessária para seu aproveitamento: 30g de própolis são misturados a 80 ml de álcool de cereais e 20 ml de água destilada. Misturar em frasco de vidro e armazenar em local escuro por, pelo menos, 60 dias (agitando levemente a cada 7 dias). Passado esse tempo, filtrar três vezes em coador de papel para café. Um adulto pode consumir, em média, 15 gotas desse extrato de própolis. Além disso, ele pode ser usado como conservante na confecção de cremes e sabonetes naturais.

Fornecedores

Mapa de fornecedores de mel de jataí

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